essa câmera
que me separa
e me junta
do mundo lá fora.
disso tudo
que é fora de mim.
que me junta
ou me faz em caquinhos
com os quais
--- em plágio ---
construirei meu castelo.
um dia.
um dia...
domingo, setembro 08, 2013
isso
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terça-feira, maio 21, 2013
Caracteres (WIP version)
Coalho
Santos era, quase paradoxalmente, um corinthiano ferrenho.
Nascido e criado em São Paulo, foi soldado no quartel do Cambuci. Teve uma irmã
chamada Ana, do mês de agosto de 36, que morava no Jaçanã... se eu perder esse
trem, que sai agora às onze horas... só amanhã de manhã. Era bom de conversa,
ainda que não se entendesse parte do que falava, seus olhos azuis ajudavam a “vou
te falar uma coisa pra você”. Simples, do bem, de coração aberto. Conta com uma
quase serenidade doída que perdera seu enteado há pouco mais de uma semana, e
pára para secar a lágrima que brota do azul direito com as mão encarquilhadas e
de um marrom de praia. Agachado, faz piada e ri. Paga seguro saúde e seguro de
vida que já ajuda a pagar o enterro pra ficar tranquilo e não atrapalhar
ninguém. Fica sério, chora e, mais que
tudo, ri. Me convidou pra, quando me aposentar, ir vender queijinho e camarão
com ele na praia. Diz que ainda dura trinta e dois anos, vai morrer com cem,
vendendo queijinho e camarão na praia. E deixa que eu pague amanhã --- quando
faz sete anos de casamento estável --- o Real que faltou.
Porto Seguro
Com rosto tímido, corpo magro e conhecimentos emergenciais
de elétrica e hidráulica, tem uma quietude simples, mas firme. Não sabe nada de
nada, mas, tranquilo, se oferece pra ajudar, enquanto seu Cráudio aguarda com
sua emergência doméstica. Tem problemas, mas desses ele dá conta, não consegue deixar
uma donzela em perigo. Deita no chão com lama, deixa o dia escurecer e não pára
até que a moça esteja fora de perigo, para só depois ir trocar o pneu do
próprio carro. Insiste que ela se vá, que ele consegue se virar, mas falta luz
e ela não pode. Tit for tat. Tem um bom coração e dizem para deixar de ser
bobo, mas ele chama isso de ser bom. Não quer dar a mão, está suja, e fica sem
jeito.
Dia seguinte, vê a carruagem dela e deixa seu telefone abaixo da simples frase gustavo.porto.seguro num papel preso no puxador da porta.
Dor nos corações, mas seu telefone nunca toca.
Dia seguinte, vê a carruagem dela e deixa seu telefone abaixo da simples frase gustavo.porto.seguro num papel preso no puxador da porta.
Dor nos corações, mas seu telefone nunca toca.
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domingo, março 31, 2013
ausência
"escrevo para a realidade se tornar inofensiva" (dizia Henri Michaux)
minha ausência de escrita me mostra o quanto de realidade vem me enroscando a cada dia...
sem mais.
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