quarta-feira, abril 22, 2009

o som da solidão

Acho que morar sozinha faria muito bem à minha escrita. Venho percebendo que vou lá fora, falo com pessoas, twíto, leio, vejo jornal, ando na rua, vejo táxis. Depois, à noite, quando estou sozinha em silêncio no meu quarto, ouvindo poucos carros passarem sozinhos na rua, com a luz já a meia luz só lá longe na cabeceira, eu sento e muitas idéias vêm inteiras na minha cabeça. Não há mais fragmentos cortados por mais uma informação que chega ou mais um telefone que toca. É nessa hora que está tudo em silêncio, menos eu. Eu tenho discursos prontos que minha cabeça parece ter passado o dia todo tecendo. Eu tenho histórias completas e detalhadas sobre seres e faunos, músicas e poemas, críticas, argumentos e protestos. Quando eu deito e apago a luz, logo antes de adormecer, é quando a solidão começa a cantar e as palavras começam a me sair pelos poros. Acho que por isso sonho. Quando acordo, o barulho e o mundo esmigalham todas as idéias de novo e começo de novo a tricotar.

Nenhum comentário: